quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Análise do Poema S. Sebastião Rei de Portugal pertencente a Mensagem

1. O poema "D. Sebastião" pode dividir-se em duas partes lógicas.
1.1 Delimita-as.
-Cada parte corresponde a uma estrofe.

1.2 Sintetiza o conteúdo de cada uma delas.
1ªParte - D. Sebastião e caracterizado como um louco, porque ele procurava a glória e acabou por perdê-la. Ficou a lenda, mas o “físico” dele não.
2ªParte - O poeta admite e elogia a sua loucura, afirmando que um homem louco é mais que uma “Besta sadia” e que D. Sebastião mesmo morto continua nas mentes e nas esperanças das pessoas.

2. A "loucura" é o traço essencial da autocaracterização que o sujeito poético faz na primeira estrofe.2.1 Identifica as causas a as consequências da "loucura" referida.
- A causa é o desejo da grandeza, ele é louco em querer avançar, louco em visualizar um grande futuro. A Consequência dessa loucura é a morte do próprio rei.
2.2 Explica o sentido dos versos 4 e 5.
- Nos versos 4 e 5 faz se a distinção entre o ser histórico (“Ser que houve”) e o ser mítico (“O que há”); se aquele ficou em Alcácer Quibir onde encontrou a destruição física, “O ser que há” Sobreviveu pois é imortal, é uma ideia símbolo - O sonho que comanda a realidade


3. Na segunda estrofe, o sujeito poético lança uma espécie de repto aos destinatários.

3.1 Identifica o referido desafio.
-Ele Desafia os leitores a serem tão loucos como ele, é o apelo à loucura e a valorização do sonho.

3.2 Explica, por palavras tuas, a intenção subjacente à interrogação retórica contida nos três últimos versos do poema.
- A interrogação retórica com que o poema termina, faz referência há loucura enquanto energia criativa que pudera reconstruir o império é através do sonho que o homem é capaz de seguir em frente sem temer a morte.

Resumo da estrofe 1 a 16
Luís de Camões dedica o seu poema ao rei D. Sebastião, a quem louva pelo que representa para a independência de Portugal e para um aumento do mundo cristão. Após os louvores segue se o apelo para que o rei leia os seus versos. D. Sebastião é visto como a esperança da pátria portuguesa na continuação da difusão da fé. Deste modo, pudemos afirmar que Camões tentou fazer um retrato histórico.

1.1 Compara os dois retratos de D. Sebastião - aquele que foi feito por Fernando Pessoa e aquele que foi feito por Camões - e explica por que razão podemos afirmar que um deles corresponde a um retrato histórico e o outro a um retrato mítico.
- O retrato de F.P corresponde a um retrato mítico enquanto Luís de Camões refere a história de Portugal - Retrato Histórico.

Análise do poema "O dos Castelos" de Fernando Pessoa e a sua intertextualidade com Luis de Camões

1) A Europa aparece personificada neste primeiro poema a Mensagem.
1.1) Procede à sua caracterização, recolhendo os elementos que o poema fornece.
R: A Europa aparece como uma figura feminina ”Românticos Cabelos” e “Olhos Gregos” - é nessas respectivamente do Norte (Românticos) e de Sul (gregos)- deitada sobre os cotovelos, apoiando o rosto que é Portugal na sua mão direita. A Europa olha para o Ocidente.
1.2) Salienta a importância dos olhos, referindo o valor da repetição do verbo ”fitar” e dos adjectivos que caracterizam o “olhar” no verso 10.
R:O (Olhar esfíngico e fatal) da conta da atitude expectante e contemplativa, enigmática e misteriosa, com o velho continente ”Fita…” (O Ocidente) que representa a sua vocação histórica, o futuro que a Europa já desvendou do passado e que se apresenta agora como começa de novo tudo.
1.3) Explica por que razão pode afirmar que a posição “dos cotovelos” evoca as raízes culturais da identidade europeia.
R: A posição dos cotovelos estragicamente colocados em Itália e em Inglaterra reitera a referencia as raízes culturais da identidade europeia.
1.4) Esclarece o uso do verbo”jazer” que caracteriza a postura desta figura feminina - a Europa.
R: Jazer significa estar deitado, mas tão bem estar morto. O uso deste verbo poderá estar relacionado com a necessidade de despertar um continente adormecido. Portugal (Rosto da Europa) poderá despertar o velho continente na procura de um novo império espiritual (5ºImperio).

2) Explica, por palavras tuas, os dois últimos versos do poema.
R: A Europa olha para o ocidente e o ocidente que Portugal (Futuro do Passado) isto é o caminho que levara Portugal a cumprir a sua missão histórica que continua no passado.
O ultimo verso do poema evidencia o papel do sujeito poético preconiza (destinou) Portugal: guiar a Europa.
Canto III (Estrofe 17 a 21) "Os Lusíadas" de Luís de Camões
1.1) Salienta o que há de comum entre o retrato de Portugal feito neste excerto e o do poema “O dos Castelos”.
R: Tal como no poema da mensagem, Portugal é aqui apresentado como”acumulo da cabeça/ de Europa toda”. Mais uma vez é atribuído a Portugal uma importância maior no desenvolvimento da história europeia.
1.2) Prova que neste excerto de Os Lusíadas o olhar para o passado é focalizado na vocação africana de Portugal.
R: Nos versos de 6 a 8 da estrofe 20 faz-se alusão há expulsão dos mouros do seu próprio território e as campanhas africanas que deram origem à ocupação de vários pontos do norte de África.
1.3) Compara o sentimento de patriotismo presente nos dois textos.
R: Em ambos os textos o sentimento de patriotismo esta presente: no poema de Fernando Pessoa salienta-se o nacionalismo profético da referência ao papel que cabe a Portugal na liderança da Europa; Nos versos de Camões o narrador confessa o seu amor há sua pátria, onde deseja morrer depois de ter levado a cabo a sua missão.

Análise do poema "D.Dinis" de Fernando Pessoa e a sua intertextualidade com Luís de Camões

1) Indica, baseando-se em passagens do poema, as duas facetas do rei D.Dinis postas em evidência.
R: D.Dinis é caracterizado como um poeta e como lavrador (verso2)

2.1/2.2) Assinala os segmentos textuais que o comprovam e explica.
R: O ambiente de mistério é criado sobre tudo na primeira estrofe:”Um silêncio murmo” que só ao rei é dado a ouvir”O rumor dos pinhais (…) sem se puder ver”, isto é só acessíveis sonhadores, porque só o futuro os revelara como”Trigo verso4/ de Império ”;
Na 2ªestrofe refere-se, ainda,”A fala dos pinhais” que é um “Linha 8, Marulho obscuro”.
3) Embora predominem os verbos no presente do indicativo, o poema centra-se no futuro.
3.1) Explicita o sentido da metáfora “O plantador de naus a haver”.
R: A metáfora”Naus há ver” Remete para os pinheiros mandados plantar por D.Dinis que são já, virtualmente as naus das descobertas – O futuro adivinhado. O rei aparece, assim, como aquele que criou as condições para os descobrimentos.
3.2) Interpreta a metáfora contida nos versos 6 e 7.
R: Nos versos 6 e 7 “o cantar jovem e puro” é apresentado como um regato que corre em direcção ao oceano; Também este versos encerra a ideia de que neste passado se adivinha já o futuro.
4) Ao longo do poema, podemos encontrar diversas referências a dois ciclos da nossa Historia – o da terra e o do mar.
4.1) Sinaliza os versos que ilustram esta afirmação
R: Os versos 2, 4, 5 e 10 conciliam os dois ciclos da nossa história.


D.Dinis Canto III “Os Lusíadas” de Luís de Camões estrofes 5 e 10

1.1) Sintetiza o conteúdo das estâncias apresentadas, esclarecendo o seu sentido.
R: D.Dinis é aqui apresentado como um digno sucessor do rei D.Afonso cessante. O Reino refloresceu e progrediu em constituições leis e costumes que iluminavam a terra que já vive em paz na estrofe 97 sabemos que ele foi o primeiro a estabelecer o ensino em Coimbra por fim na estrofe 98 somos informados que D.Dinis fundou novas vilas, construiu fortalezas e renovou todo o reino.
2) As facetas de D.Dinis postas em relevo nestes versos não são as mesmas que Pessoa evidenciou. Compara-as.
2.1) Adianta uma explicação possível para as diferenças que encontraste.
R: As facetas de D.Dinis em Relevo neste verso são as de povoador e fundador da universidade (Coimbra). Já Fernando Pessoa Incidência as suas facetas de lavrador e poeta. Enquanto Camões interessou se particularmente pela visão histórica pessoa interessou-se pela visão mítica, visionária, um rei capaz de antever o futuro.

Análise do poema "Mostrengo" de Fernando Pessoa e a sua intertextualidade com Luís de Camões

1-Sintetiza o assunto do poema.
R: A acção deste poema é passada numa viagem de nau, nomeadamente no cabo das tormentas, durante uma noite escura, nessa viagem os tripulantes confrontados por um mostrengo que esta no fim do mar e pretende atemorizar os portugueses para que não continuem a sua viagem. O mostro questiona a tripulação de que aqueles eram portugueses e vinham para conquistar os mares, não abdicando da sua missão.

2.1- Caracteriza-o, transcrevendo elementos do texto.
R: O mostrengo é caracterizado directamente por dois adjectivos “imundo e grosso”; indirectamente pelas suas acções, pois realiza movimentos circulares intimidadores e sitiantes à volta da nau. Sabemos também que vive em cavernas que ninguém conhece.

2.2- Justifica o título do poema, referindo o processo de formação de palavras que está na origem do poema escolhendo pelo poeta.
R: A palavra mostrengo é uma palavra composta por sufixação monstro + engo, este sufixo tem um valor pejorativo. Mostrengo significa uma pessoa considerada feia, desajeitada.

3- Concentra-te, agora, nas atitudes do “ homem do leme”.
3.1- Demonstra que as suas reacções ao discurso do “mostrengo” evoluem em sentido crescente.
R: Na primeira estrofe “El rei D.Joao II”
Na segunda estrofe “El rei D.Joao II”
Na terceira estrofe “Linha 22 ate a 27”
Às interpelações do mostrengo (primeira e segunda estrofe) o homem do leme começa por responder assustado, intimidado pelo o tom aterrador das palavras do mostrengo e pelo ambiente que o circunda, apenas com uma frase que invoca a autoridade do rei. Porém na terceira vez consciencializando-se de que não é apenas ele “Homem do leme” que ali está, assume-se como símbolo do povo e responde, em seis versos, com convicção e força.

4- Prova que ambas as figuras – o mostrengo e o homem do leme são simbólicas.
R: O mostrengo simboliza os medos dos navegadores que enfrentam o desconhecido. O “Homem do leme” é a figura do herói mítico, símbolo de um povo e que, portanto, passa de herói individual a colectivo, com uma missão a cumprir.

5- Analisa o poema nas perspectivas morfossintáctica e semântica.
R: O número 3 é o número da perfeição da unidade divina; a totalidade a que nada mais pode ser adicionado

6.1- Identifica as três tipos de frase presentes no poema e explica o recurso a cada um deles.
R:” Meus tectos negros do fim do mundo?”
“El-Rei D. João Segundo!”
“ O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;”
Neste poema as frases declarativas estão ao serviço da narração e em parte do discurso do “homem do leme “. As frases interrogativas estão presentes no discurso do mostrengo e a frase exclamativa constam do discurso do “homem do leme”.

6.2- Indica dois recursos estilísticos e salienta o respectivo valor expressivo.
R: Existem neste poema várias anáforas que pretendem reforçar o que é dito.
O hipérbato do verso 26 reforça o sentido simbólico do “Homem do leme”.

6.3- Justifica o predomínio dos verbos neste poema e comente o recurso aos tempos em que se encontram.

7-Salienta as características que fazem deste poema um dos mais Marcadamente épicos da Mensagem.

Trabalho sobre Os Lusiadas de NunoGago, David Mendonça e João Martins

O concílio dos deuses:
Neste momento, é convocado o Concílio dos deuses (estâncias 20 a 41) para decidir se os portugueses devem ou não conseguir alcançar o seu destino. Júpiter afirma que sim, porque isso lhes está predestinado.
Baco discorda porque, se isto for permitido, as suas próprias conquistas no Oriente serão esquecidas, ultrapassadas por este povo. Mas Vénus vê os portugueses como herdeiros dos seus amados romanos e sabe que será celebrada por eles. Camões era um homem de paixões, que também celebrava o amor na sua lírica, e talvez por isso tivesse escolhido a deusa romana desse sentimento para patrona do seu povo.
Segue-se um tumulto, com os restantes olímpicos a tomar partido de Baco ou Vénus, até que o poderoso Marte se impõe, assustando Apolo num aparte (estrofe 37). O amante de Vénus, e admirador dos feitos guerreiros dos portugueses, lembra que não só já é merecido que consigam realizar a sua façanha, como Júpiter já tinha decidido conceder esse favor e não deveria voltar atrás na palavra. O rei dos deuses concorda e encerra o concílio.
O discurso com que Júpiter começa a reunião é uma acabada peça de oratória. Abre com o inevitável exórdio(1ª estrofe) em que, depois de uma original saudação, expõe brevemente o tema a desenvolver. Segue-se, ao modo da retórica antiga, a narração (o passado mostra que a intenção dos fados é mesmo a que o orador apresentou). Vem depois a confirmação: com factos do presente corrobora o que já, a seu modo, a narração comprovara (4ª estrofe). E termina com duas estrofes de peroração, onde se apela à benevolência dos deuses para com os filhos de Luso - aliás, a decisão dos fados cumprir-se-á inexoravelmente. Contra o que seria de esperar, Júpiter conclui determinando e não abrindo o debate.

Inês de Castro:
Traziam-na os horríficos algozes Ante o Rei, já movido a piedade: Mas o povo, com falsas e ferozes Razões, à morte crua o persuade. Ela com tristes o piedosas vozes, Saídas só da mágoa, e saudade Do seu Príncipe, e filhos que deixava, Que mais que a própria morte a magoava.
Inês de Castro, estrofe 124 do Canto III.
O turbilhão de emoções continua com este episódio lírico-trágico (estrofes 118 a 135), talvez o mais reconhecido d'Os Lusíadas. Convém que se não perca de vista a sua integração no poema, via alocução de Vasco da Gama ao rei de Melinde. Costuma-se classificá-lo como lírico, distinguindo-o assim, sobretudo, dos mais comuns episódios bélicos.
D. Inês e D. Pedro são os amantes trágicos por excelência. O seu amor é ilícito, proibido pelos poderes. O poeta que tinha escrito sonetos tão sombrios, de sofrimento amoroso, chama repetidamente este de «puro amor», e censura o rei, de quem tanto elogiara os feitos guerreiros, por esta sombra no seu reinado.
D. Afonso IV pretende casar o filho que, apaixonado por Inês, recusa. A solução é eliminá-la. Trazida à presença do rei, esta implora pela sua vida, só para poder cuidar dos seus filhos. Comove o velho soberano, mas os conselheiros e o povo exigem a morte. E assim a frágil e bela apaixonada é assassinada «só por ter sujeito O coração a quem soube vencê-la» (por amar quem soube conquistar o seu coração).
Uma rápida análise do episódio permite encontrar aí presentes, com maior ou menor clareza, elementos trágicos como o destino, que conduz a acção para o final trágico; a peripécia; até algo próximo do papel do coro (apóstrofes). A nobreza moral e social dos personagens é também salientada, de modo a criar no leitor sentimentos de terror e de piedade perante a desgraça que se abate sobre a protagonista (catástrofe).
Quando Inês teme mais a orfandade dos filhos que a própria perda da vida, quando ela suplica a comutação da pena capital por um exílio na Sibéria (Cítia) ou na Líbia, entre «toda a feridade», só para poder criar os filhos do seu amor, quando é comparada com «a linda moça Policena, consolação extrema da mãe velha», quando o leitor escuta toda a estrofe 134, e mesmo a 135, estão-se a dedilhar os acordes da piedade.
Já os versos iniciais da estrofe 124, a apóstrofe com que termina a 130 (e antes a da segunda metade da 123) e a estrofe 133 estão ao serviço da sugestão do terror trágico.

O velho do Restelo:
O canto termina com a partida da armada. Quando estão a despedir-se das famílias na praia de Belém, os navegadores são surpreendidos pelas palavras de um velho que estava entre a multidão. É o episódio do Velho do Restelo (estrofes 94 a 104).
Este personagem é a representação da contestação da época contra as aventuras dos descobrimentos. Havia quem pensasse que era puro orgulho e simplesmente suicídio tentar estes projectos de navegar para partes longínquas do mundo; uma perda de recursos e homens, que fariam falta na luta contra os inimigos mouros ou para a defesa do reino contra uma eventual invasão castelhana.
O episódio entrou no imaginário português. A expressão passou a significar o conservadorismo, o mau agoiro, a má vontade e a falta de espírito de aventura, frente a projectos originais que exigem alguma ousadia e gastos de recursos.

O Adamastor:
Podem-se considerar três partes no episódio do Adamastor, a primeira é uma teofania (estrofes 37 a 40). Chegados ao Cabo das Tormentas no meio da uma tempestade, os marinheiros avistam o titã, tão terrível que “Arrepiam-se as carnes e o cabelo A mi e a todos só de ouvi-lo e vê-lo”. Aqui está o puro pavor, a ameaça iminente da aniquilação, fisicamente sentida, as carnes engelham-se, os cabelos crispam-se.
O espectáculo é envolvente, grandioso, terrificante. Este semideus maléfico, encarnação dos perigos da arriscada travessia, precede-se de uma nuvem negra, que surge rasante sobre as cabeças dos navegantes. Mas mais surpreendente ainda é a orquestração que o mar faz com este elemento aéreo «Bramindo, o mar de longe brada, Como se desse em vão nalgum rochedo». O lado maravilhoso desta aparição também é acentuado, fazendo contrastar todo o espectáculo de disformidade e gigantismo com o cenário precedente, onde são manifestos os encantos de uma noite dos "mares do Sul", «prosperamente os ventos assoprando».
Então começa a segunda parte do episódio (estrofes 41 a 48), que em termos cronológico - narrativos é uma prolepse. O Adamastor fala e, como um oráculo, vaticina o destino cruel que espera alguns dos navegadores que atravessarão os seus domínios. É uma forma inteligente de o poeta dos meados do século falar de acontecimentos do passado, mas que seriam futuros para o navegador do início do século que faz a narração.
Finalmente surge uma écloga marinha (estrofes 49 a 59), que obedece a um desenvolvimento comum a muitas composições líricas de Camões: o enamoramento (de Adamastor por Tétis, não correspondido), a separação forçada (pela titanomaquia), a traição, o lamento pelo sonho frustrado, do qual o sofredor é constante e eternamente recordado: «Enfim, minha grandíssima estatura, Neste remoto cabo converteram Os Deuses, e por mais dobradas mágoas, Me anda Tétis cercando destas águas».
Passado mais este obstáculo, os navegadores agora enfrentam a doença, particularmente o escorbuto, e um clima a que não estão habituados. Apesar de um acolhimento cordial dos povos da África do Sul, o desânimo também aumenta por não haver quem dê notícias sobre a Índia. Até que, depois de Moçambique e Mombaça, a narrativa termina com a alegria da chegada a Melinde.
O canto encerra com a admiração dos melindanos por toda a epopeia portuguesa, e a censura do poeta pela iliteracia dos seus conterrâneos. Pela boca de Vasco da Gama, que lhe empresta legitimidade, conta como os poderosos do mundo, especialmente gregos e romanos, eram amantes das letras. E lamenta que os seus contemporâneos desprezem a língua, a poesia e o cantar e louvar de heróis e povos.

A Ilha dos Amores:
Vendo agora a frota em segurança no seu regresso a Portugal, Vénus pede a ajuda do seu filho Cupido para juntar os amores e ferir as nereidas com as flechas do amor. Com as ninfas e Tétis sob esta influência, coloca uma ilha mística na rota dos portugueses, e a ela traz os amantes.

Podem ser consideradas três descrições no episódio da Ilha dos Amores:
Primeirqa: O locus amoenus: o cenário onde decorre o encontro amoroso (estrofes 52 a 67 e mais algumas até ao final do canto) é típico do locus amoenus, com os seus chãos maciamente relvados, águas límpidas e cantantes, arvoredos frondosos e até um lago. O poeta fala ainda da simpática fauna que aí se cria e dos frutos que se produzem sem cultivo. É um cenário paradisíaco, idílico, de écloga.
Segunda: A alegoria: com um arrojo inesperado para um maneirista, Camões descreve o encontro dos nautas com as ninfas que os esperavam, industriadas por Vénus. O amor que experimentam é de paixão: imediato, arrebatado e carnal. E fica dado o recado aos que condenam a expressão mais física do amor: «Melhor é experimentá-lo que julgá-lo, Mas julgue-o quem não pode experimentá-lo.»
A recompensa dos portugueses tem um sentido alegórico: «Que as Ninfas do Oceano, tão fermosas, Tethys e a Ilha angélica pintada, Outra cousa não é que as deleitosas Honras que a vida fazem sublimada» (estrofe 89). A terminar o canto, dirigindo-se ao leitor, reforça a intenção alegórica e incita aos feitos de valor: «Impossibilidades não façais, Que quem quis sempre pôde: e numerados Sereis entre os heróis esclarecidos E nesta Ilha de Vénus recebidos».

A Ilha dos Amores, estrofe 83 do Canto IX:
Ó que famintos beijos na floresta, E que mimoso choro que soava! Que afagos tão suaves, que ira honesta, Que em risinhos alegres se tornava! O que mais passam na manhã, e na sesta, Que Vénus com prazeres inflamava, Melhor é experimentá-lo que julgá-lo, Mas julgue-o quem não pode experimentá-lo.

Terceira: Leonardo: Camões, o indefectível cantor do amor, não quis, e se calhar não pôde, evitar que isso se reflectisse n'Os Lusíadas. Se os amores mal sucedidos do Adamastor deixam entrever o caso real do poeta, Leonardo (estrofes 75 a 82) aqui representa a consumação do seu sonho. Repare-se que as queixas deste navegante recordam as do poeta na lírica e como é um lamento delicado e belo.
Em um pormenor curioso, houve a intenção de separar e dignificar Vasco da Gama na carnalidade do episódio. É acompanhado por Tétis até a um magnífico palácio de cristal e ouro, enquanto os restantes marinheiros e as suas companheiras ficam nas praias e nos bosques.

O herói:
Como o título indica, o herói desta epopeia é colectivo, os Lusíadas, ou os filhos de Luso, os portugueses. Nas estrofes iniciais do discurso de Júpiter no concílio dos deuses olímpicos, que abre a parte narrativa, surge a orientação laudatória do autor.
O herói da obra, os portugueses. Monumento aos Descobrimentos Portugueses em Belém, Lisboa, Portugal
"Eternos moradores do luzente Estelífero pólo, e claro assento, Se do grande valor da forte gente De Luso não perdeis o pensamento, Deveis de ter sabido claramente, Como é dos fados grandes certo intento, Que por ela se esqueçam os humanos De Assírios, Persas, Gregos e Romanos.
Início do discurso de Júpiter no concílio dos deuses, Canto I, estrofe 24.
O rei dos deuses afirma que desde Viriato e Sertório, o destino (fado) dos valentes portugueses (forte gente de Luso) é realizar feitos tão gloriosos que façam esquecer os dos impérios anteriores (Assírios, Persas, Gregos e Romanos).
O desenrolar da sua história atesta-o, pois além de ser marcada pelas sucessivas e vitoriosas lutas contra mouros e castelhanos, mostra como um país tão pequeno descobre novos mundos e impõe a sua lei no concerto das nações.
No final do poema surge o episódio da Ilha dos Amores, recompensa ficcional da gloriosa caminhada portuguesa através dos tempos. E é confirmado o receio de Baco de as suas façanhas de conquista serem ultrapassadas pelas dos portugueses.
Camões dedicou sua obra-prima ao rei D. Sebastião de Portugal. Os feitos inéditos dos descobrimentos portugueses e a chegada ao «novo reino que tanto sublimaram» no Oriente, foram sem dúvida os estímulos determinantes para a tarefa, desde há muito ambicionada, de redigir o épico português.
Havia um ambiente de orgulho e ousadia no povo português. Navegadores e capitães eram heróis recentes da pequena nação, homens capazes de extraordinárias façanhas, como o «Castro forte» (o vice-rei D. João de Castro), falecido poucos anos antes de o poeta aportar na Índia.
E principalmente Vasco da Gama, a quem se devia o descobrimento da rota para o oriente numa viagem difícil e com poucas probabilidades de êxito, e que vencera inúmeras batalhas contra reinos muçulmanos em terras hostis aos cristãos. Esta viagem épica foi por isso usada como história central da obra, à volta da qual vão sendo contados episódios da história de Portugal.

Análise do poema D. Sebastião

Rei de Portugal
Pag.17

1.1) Cada parte corresponde a uma estrofe.

1.2) 1 Parte - D. Sebastião é caracterizado como um louco, porque ele procurava a glória mas acabou por perde-la. Ficou a lenda, mas o físico dele não.
2 Parte – O poeta admite e elogia a sua loucura afirmando que um homem louco é mais que uma “besta sadia” e que D. Sebastião mesmo morto continua nas mentes e na esperança das pessoas.

2)
2.1) A causa é a grandeza, ele é louco em crer avançar, louco em visualizar um grande futuro. A consequência dessa loucura é a morte do próprio rei.

2.2) Nos versos 4 e 5 faz-se a distinção entre o ser histórico (“Ser que houve”) e o ser mítico (“ O que há”); se aquele ficou em Alcácer Quibir onde encontrou a destruição, física, “O ser que há” sobreviveu pois é imortal, é uma ideia símbolo – o sonho que comanda a realidade.

3)
3.1) Ele desafia os leitores a serem tão loucos quanto ele, é o apelo á loucura e a valorização do sonho.

3.2) A interrogação retórica com que o poema termina faz referencia á loucura enquanto energia criativa que poderá reconstruir o império. É através do sonho que o homem é capaz de seguir em frente sem temer a morte.

Pag.18
Resumo das estrofes de 9 a 16
Luís de Camões dedica o seu poema ao rei D. Sebastião, a quem louva pelo que representa para a independência de Portugal e para o aumento do mundo cristão. Após os louvores segue-se o apelo para que o rei leia os seus versos. D. Sebastião é visto como a esperança da pátria portuguesa na continuação da difusão da fé e do império. Deste modo, podemos afirmar que Camões tentou fazer um retrato histórico.

1.1) O retrato de Fernando Pessoa corresponde a um retrato mítico enquanto Luís de Camões refere a história de Portugal – retrato histórico.

Mensagem, Trabalho de Miguel Justo, Miguel Horta e Oliver

Estrutura da Mensagem:
A Mensagem é uma obra composta por 3 partes, Brasão, Mar Português e Encoberto, cada uma destas partes subdivididas em noutras: Brasão – 5 partes; Mar Português – 1 parte com 12 poemas e o Encoberto – 3 partes.
Na primeira parte, o Brasão: o princípio da nacionalidade em que fundadores e antepassados criaram a pátria.
Na segunda parte, o Mar Português a realização através do mar em que heróis com uma grande missão de descobrir foram construtores do grande destino da Nação.
Na terceira parte, O Encoberto, a morte ou fim das energias latentes é o novo ciclo que se anuncia que trará a regeneração e instaurará um novo tempo.

A Mensagem tem 44 Poemas
19

1.ª Parte

– Brasão –
I – Os campos
    1. O dos Castelos
    2. O das Quinas
II – Os Castelos
    1. Ulisses
    2. Viriato
    3. O Conde D. Henrique
    4. D. Tareja
    5. D. Afonso Henriques
    6. D. Dinis
    7(I). D. João o Primeiro
    7(II). D. Filipa de Lencastre
III – Quinas
    1. D. Duarte, Rei de Portugal
    2. D. Fernando, Inf. de Portugal
    3. D. Pedro, Reg. de Portugal
    4. D. João, Infante de Portugal
    5. D. Sebastião, Rei de Portugal
IV – A Coroa
    Nuno Álvares Pereira
V – O Timbre
    A Cabeça do grifo: O Infante D. Henrique
    Uma Asa do Grifo: D. João o Segundo
    A Outra Asa do Grifo: Afonso de Albuquerque

12

2.ª parte

– Mar Português –

I – O Infante
II – Horizonte
III – Padrão
IV – O Mostrengo
V – Epitafio de Bartolomeu Dias
VI – Os Colombos
VII – Ocidente
VIII – Fernão de Magalhães
IX – Ascensão de Vasco da Gama
X – Mar Português
XI - A Ultima Nau
XII: Prece

13

3.ª Parte

– O Encoberto –

I – Os Símbolos
    1. D. Sebastião
    2. O Quinto Império
    3. O Desejado
    4. As Ilhas Afortunadas
    5. O Encoberto
II – Os Avisos
    1. O Bandarra
    2. António Vieira
    3. 'Screvo meu livro à beira-mágoa.
III – Os Tempos
    1. Noite
    2. Tormenta
    3. Calma
    4. Antemanhã
    5. Nevoeiro


1.ª Parte
•Origem da nossa nacionalidade, destacando-se figuras míticas (“Ulisses” ) e históricas (“ D. Dinis” , “D. Sebastião, Rei de Portugal”, o sonhador, o lutador)-> Nascimento

2.ª parte

•Apogeu dos Portugueses conseguido pelas descobertas:-> Vida
   – “ O Infante ”
   – “ O Mostrengo ”
   – “ Mar Português ”


3.ª Parte -> Morte

•Fim das energias, simbolizado pelo nevoeiro que envolve Portugal.
•Vinca-se o mito sebastianista com a figura do Encoberto.
•Esperança e impaciência do poeta na vinda do Messias, para a construção do Quinto Império (“Quando é o Rei? Quando é a Hora?” – “Screvo meu libro à beira-mágoa” )


Simbologias associadas:
Brasão – simboliza a nobreza imutável do passado;
Mar – simboliza a vida e a morte; o nascimento, a transformação e o renascimento;
Campos – símbolo do paraíso ao qual os justos acedem depois da morte; espaço de vida e acção:
Castelo – dada a sua habitual localização num lugar mais elevado, simboliza a segurança, a protecção e a transcendência;

Quinas – os cincos escudos das armas de Portugal reenviam para as cinco chagas de cristo, adquirindo uma dimensão espiritual;
Coroa – símbolo de perfeição e de poder: promessa de imortalidade;
Timbre – insígnia que coroa o brasão, indicadora da nobreza de quem o usa, remete para a sagração do herói numa missão transcendente;

Grifo – ave fabulosa com a força e a sabedoria, o poder terrestre e celeste;
Padrão – monumento de pedra que os navegadores portugueses erguiam nas terras que iam descobrindo; simboliza o domínio e a propagação da civilização cristã sobre as mesmas;
Monstrengo – simboliza o desconhecido, os medos, os perigos e os obstáculos que os navegadores tiveram de enfrentar e vencer;
Nau – simboliza a força e a segurança numa travessia difícil; bem como o incitamento à viagem e a uma vida espiritual; prende-se, também, com a aquisição de conhecimentos;

Ilha – símbolo do desejo de felicidade terrestre ou eterna; do além maravilhoso; da sabedoria e da paz;
Noite – simboliza a morte; remete para um tempo de gestação que desabrochará como manifestação de vida;
Manhã – símbolo de pureza; de vida para paradisíaca, de confiança em si, nos outros, na existência;
Nevoeiro – simboliza a indeterminação, indefinição; o prelúdio da aparição.

Mito do Sebastianismo:
Assim como Camões também Fernando Pessoa defende a ideia do sebastianismo (Quinto Império). Logo podemos fazer uma análise comparativa entre “Os Lusíadas” e a “Mensagem”.
Ao ler-se as duas obras nota-se uma igualdade em certos pontos, Luís de Camões fala sobre os actos heróicos dos portugueses durante a época dos descobrimentos e também sobre a espera que D. Sebastião consiga levar este império.
Fernando Pessoa fala também sobre a época dos descobrimentos, época em que Portugal brilhava no mundo, em que tinha um grande império, e também fala de D. Sebastião mas não como Camões, Fernando Pessoa fala dele de uma forma abstracta, fala dele para representar melhor a esperança que tem em que Portugal, que este volte a ser o império que já foi um dia e que chega a ser o tão esperado Quinto Império.
A quem diga que Luís de Camões é o pai da língua portuguesa e que Fernando Pessoa é o continuador desse caminho. Que Fernando Pessoa seguiu a obra que Camões começou, continuou o seu “legado” só que de uma forma diferente de ver as coisas.

V Império:
Os quatro primeiros impérios eram, segundo Vieira, pela ordem: os Assírios, os Persas, os Gregos e os Romanos. O quinto seria o Império Português.
Nas escrituras Hebraicas (Antigo Testamento), na Bíblia, Padre António Vieira veio a basear este mito num trecho bíblico, que conta a história do rei Nabucodonosor e do seu sonho, com uma estátua que possuía cinco tipos de materiais.
A utopia do Quinto Império permeia a obra de Fernando Pessoa também, no livro Mensagem.
No caso de Fernando Pessoa os quatro primeiros impérios diferem dos do Padre António Vieira, sendo o primeiro o Império Grego, o segundo o Império Romano, o terceiro o Cristianismo e o quarto a Europa.
O Quinto Império foi uma forma de legitimar o movimento autonomista português, que conseguira o fim da União Ibérica.

Trabalho de Tibério Jesus e Marco Sousa sobre Luis de Camões



Introdução:
Luís Vaz de Camões é considerado o maior poeta português; nunca existiu, nem em Portugal nem em qualquer outra parte do mundo, poeta algum que igualasse nem muito menos superasse a dedicação que Camões deu à sua pátria por meio de uma tão próspera obra épica como são “Os Lusíadas”.

“Os Lusíadas” são a culminação de toda uma cultura e de uma civilização. Camões é considerado um poeta fora do seu tempo, pois a sua modernidade e a sua portuguesidade são visíveis no modo como esta obra, tanto no estilo épico como no estilo lírico, é estruturada.

É através de indícios textuais que se encontram na sua poesia e a que podemos chamar a modernidade de Camões ou estilo Camoniano, que se verificam transgressões, tanto em relação aos modelos clássicos greco-latinos da época como em relação à ordem religiosa e política do poder no tempo de Camões e como também em relação à imagem posteriormente construída do poema como símbolo épico da raça lusíada e dos seus feitos materiais.

São estas as transgressões que caracterizam Camões como sendo um novo homem da Renascença.

BIOGRAFIA DE LUÍS DE CAMÕES
Nasceu a 1524 ou 1525, segundo documentos publicados por Faria e Sousa, em Lisboa ou em Coimbra (a data e o local do seu nascimento não são certos). Segundo registo da lista de embarque para o Oriente do ano de 1550, declara-se que Luís de Camões se inscrevera e, nesse registo, é-lhe atribuída a idade de 25 anos.
O Padre Manuel Correia que o conheceu pessoalmente, dá-o nascido em 1517. Filho de Simão Vaz de Camões e Ana de Sá Macedo, família nobre estabelecida em Portugal na época de D. Fernando, foi educado sob o império do Humanismo, estudou em Coimbra de 1531 a 1541, onde D. Bento de Camões seu tio, era chanceler.
Era esse mesmo seu tio sacerdote e sábio que o auxiliava nos estudos, mas ainda antes de Luís de Camões acabar o seu curso, partiu para Lisboa, talvez para conhecer melhor a principal cidade do seu país visto que gostava imenso da História de Portugal.
Reinava D. João II e, como Camões era fidalgo, podia frequentar as festas e saraus da corte no palácio real; e foi lá que conheceu aquela que ele queria que viesse a ser a sua esposa, D. Catarina de Ataíde.
Devido à rigorosa tradição da corte, Camões teve que se afastar desta linda menina a quem ele tratava por um nome inventado de Natércia nos seus muitos poemas consagrados, e foi exilado por ordem do rei para o Ribatejo (Constância), onde permaneceu durante dois anos até que se alistou como soldado e partiu para Ceuta.
Foi nesta viagem que Camões primeiro avaliou o esforço formidável de um povo audacioso (corajoso) e persistente, que foi capaz de vencer os difíceis obstáculos desta travessia, de forma pioneira.
Apesar de ter sido um grande poeta, foi também um grande patriota e um grande soldado. Defendeu Portugal tanto nas guerras em África como na Ásia. Em 1547, partiu para Ceuta depois de ter estado na corte de 1542 a 1545. Em Ceuta perdeu um olho quando lutava a favor de D. João III.
Três anos mais tarde voltou a Portugal e teve vários duelos, num dos quais feriu Gonçalo Borges, moço de arreios de D. João III, o que lhe custou um ano de prisão no Tronco. Diz-se que foi nesse ano de prisão que Camões compôs o primeiro canto da sua obra “Os Lusíadas”.
Obteve a liberdade como promessa de embarcar para a Índia como simples homem de guerra e embarcou para Goa em 1553, onde conviveu com o vice-rei D. Francisco de Sousa Coutinho e com o Dr. Garcia de Orta e manteve também relações amistosas com Diogo do Couto, o continuador das Décadas.
Foi aí que escreveu o “Auto de Filodemo”, o qual representou para o governador Francisco Barreto. Ainda na Índia compôs uma ode a D. Constantino de Bragança, em que o defendia de acusações supostamente falsas que lhe eram feitas. Da Índia passou a Macau, onde os portugueses tinham fundado uma colónia mesmo em frente ao mar. Aqui conheceu Jau António, companheiro que esteve sempre com ele até à morte e lhe fez companhia enquanto cantava em seis cantos os feitos dos portugueses numa gruta em frente ao mar.
Foi chamado a Goa mas, no caminho para a Índia o barco onde navegava naufragou junto à foz do rio Mekong, e diz-se que ele tenha ido até à costa a nado só com um dos braços, visto no outro levar consigo a sua tão próspera obra.
Foi a descida do Oceano Atlântico, a passagem do Cabo da Boa Esperança e todas aquelas paragens que levaram Camões a glorificar na sua obra os lugares por onde a armada de Vasco da Gama tinha já passado, lugares esses que muito custaram a "descobrir", razão ainda para dignificar o povo lusitano.
Regressou a Lisboa em 1569 e, em 1572, publicou “Os Lusíadas”. Foi-lhe concedida por D. Sebastião uma tença anual de 15 mil reis que só recebeu durante três anos, pois faleceu no dia 10 de Junho de 1580 em Lisboa, na miséria, vivendo de esmolas que se dizia terem sido angariadas pelo seu fiel criado Jau. O seu enterro teve de ser feito a expensas de uma instituição de beneficência, a Companhia dos Cortesãos.
Após a sua morte, foi D. Gonçalo Coutinho que mandou esculpir na sua pedra o seguinte letreiro: “Aqui Jaz Luís de Camões Príncipe dos Poetas de seu Tempo. Viveu Pobre e Miseravelmente e Assim Morreu. - Esta campa lhe mandou pôr D. Gonçalo Coutinho, na qual se não enterrará pessoa alguma.”
A comemoração do dia da sua morte, é actualmente relembrado como o “Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas”, sendo feriado nacional.
A epopeia é um género narrativo em verso que é utilizado para celebrar feitos grandiosos de heróis fora do comum podendo ser reais ou lendários, tendo sempre um fundo histórico. O género épico remonta à antiguidade grego e latina sendo os seus maiores nomes Homero (Odisseia) e Virgílio (Ilíada).
O género épico ou epopeia exige na sua estrutura a presença de uma acção, desempenhada por personagens num determinado tempo e espaço. O estilo é elevado e grandioso e possui uma estrutura própria, cujos principais aspectos são: Proposição, invocação, dedicatória, narração e presença de mitologia greco-latina.
Introduzindo um tema histórico, o poeta narra acções realmente acontecidas, tendo para tal
recorrido a fontes diversas, nas quais históricas, estéticas e obras:

Históricas:
- Para a viagem do Gama e feitos no Oriente: os historiadores quinhentistas (Barros, Castanheda e outros).
- Para a Idade Média: os cronistas (Fernão Lopes, Zurara, Rui Pina, Galvão).
- História Trágico-Marítima.

Estéticas:
- As epopeias homéricas (a Ilíada e a Odisseia) sobretudo a Eneida, de Virgílio.
- Ovídio (sugestões mitológicas).
- Orlando Furioso do humanista italiano Ariosto (para a estrutura estrófica - oitava rima).
Obras de carácter cientifico (geógrafos antigos, etc.) e filosófico; Bíblia e Doutores da Igreja.

CONCLUSÃO:
Após o estudo desta obra podemos concluir que Camões, apesar de todas as dificuldades que atravessou ao longo da vida, podemos considerá-lo como o pai da poesia portuguesa, pelo verdadeiro talento que demonstrou ter na realização da importante obra intitulada por “Os Lusíadas”, onde conta a História de Portugal com uma grande veracidade.
Foi um trabalho que realizamos com bastante gosto e interesse!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

FONTES DE INSPIRAÇÃO OS LUSÍADAS

Introduzindo um tema histórico, o poeta narra acções realmente acontecidas, tendo para tal recorrido a fontes diversas, nas quais históricas, estéticas e obras:
Históricas:
- Para a viagem do Gama e feitos no Oriente: os historiadores quinhentistas (Barros, Castanheda e outros).
- Para a Idade Média: os cronistas (Fernão Lopes, Zurara, Rui Pina, Galvão).
- História Trágico-Marítima.
Estéticas:
- As epopeias homéricas (a Ilíada e a Odisseia) sobretudo a Eneida, de Virgílio.
- Ovídio (sugestões mitológicas).
- Orlando Furioso do humanista italiano Ariosto (para a estrutura estrófica - oitava rima).
Obras de carácter científico (geógrafos antigos, etc.) e filosófico; Bíblia e Doutores da Igreja.

GÉNERO ÉPICO (DEFINIÇÃO DE EPOPEIA E SUAS CARACTERÍSTICAS)



A epopeia é um género narrativo em verso que é utilizado para celebrar feitos grandiosos de heróis fora do comum podendo ser reais ou lendários, tendo sempre um fundo histórico. O género épico remonta à antiguidade grego e latina sendo os seus maiores nomes Homero (Odisseia) e Virgílio (Ilíada). O género épico ou epopeia exige na sua estrutura a presença de uma acção, desempenhada por personagens num determinado tempo e espaço. O estilo é elevado e grandioso e possui uma estrutura própria, cujos principais aspectos são: Proposição, invocação, dedicatória, narração e presença de mitologia greco-latina.

BIOGRAFIA DE LUÍS DE CAMÕES


Nasceu a 1524 ou 1525, segundo documentos publicados por Faria e Sousa, em Lisboa ou em Coimbra (a data e o local do seu nascimento não são certos). Segundo registo da lista de embarque para o Oriente do ano de 1550, declara-se que Luís de Camões se inscrevera e, nesse registo, é-lhe atribuída a idade de 25 anos. O Padre Manuel Correia que o conheceu pessoalmente, dá-o nascido em 1517. Filho de Simão Vaz de Camões e Ana de Sá Macedo, família nobre estabelecida em Portugal na época de D. Fernando, foi educado sob o império do Humanismo, estudou em Coimbra de 1531 a 1541, onde D. Bento de Camões seu tio, era chanceler. Era esse mesmo seu tio sacerdote e sábio que o auxiliava nos estudos, mas ainda antes de Luís de Camões acabar o seu curso, partiu para Lisboa, talvez para conhecer melhor a principal cidade do seu país visto que gostava imenso da História de Portugal. Reinava D. João II e, como Camões era fidalgo, podia frequentar as festas e saraus da corte no palácio real; e foi lá que conheceu aquela que ele queria que viesse a ser a sua esposa, D. Catarina de Ataíde. Devido à rigorosa tradição da corte, Camões teve que se afastar desta linda menina a quem ele tratava por um nome inventado de Natércia nos seus muitos poemas consagrados, e foi exilado por ordem do rei para o Ribatejo (Constância), onde permaneceu durante dois anos até que se alistou como soldado e partiu para Ceuta. Foi nesta viagem que Camões primeiro avaliou o esforço formidável de um povo audacioso (corajoso) e persistente, que foi capaz de vencer os difíceis obstáculos desta travessia, de forma pioneira. Apesar de ter sido um grande poeta, foi também um grande patriota e um grande soldado. Defendeu Portugal tanto nas guerras em África como na Ásia. Em 1547, partiu para Ceuta depois de ter estado na corte de 1542 a 1545. Em Ceuta perdeu um olho quando lutava a favor de D. João III. Três anos mais tarde voltou a Portugal e teve vários duelos, num dos quais feriu Gonçalo Borges, moço de arreios de D. João III, o que lhe custou um ano de prisão no Tronco. Diz-se que foi nesse ano de prisão que Camões compôs o primeiro canto da sua obra “Os Lusíadas”. Obteve a liberdade como promessa de embarcar para a Índia como simples homem de guerra e embarcou para Goa em 1553, onde conviveu com o vice-rei D. Francisco de Sousa Coutinho e com o Dr. Garcia de Orta e manteve também relações amistosas com Diogo do Couto, o continuador das Décadas. Foi aí que escreveu o “Auto de Filodemo”, o qual representou para o governador Francisco Barreto. Ainda na Índia compôs uma ode a D. Constantino de Bragança, em que o defendia de acusações supostamente falsas que lhe eram feitas. Da Índia passou a Macau, onde os portugueses tinham fundado uma colónia mesmo em frente ao mar. Aqui conheceu Jau António, companheiro que esteve sempre com ele até à morte e lhe fez companhia enquanto cantava em seis cantos os feitos dos portugueses numa gruta em frente ao mar. Foi chamado a Goa mas, no caminho para a Índia o barco onde navegava naufragou junto à foz do rio Mekong, e diz-se que ele tenha ido até à costa a nado só com um dos braços, visto no outro levar consigo a sua tão próspera obra. Foi a descida do Oceano Atlântico, a passagem do Cabo da Boa Esperança e todas aquelas paragens que levaram Camões a glorificar na sua obra os lugares por onde a armada de Vasco da Gama tinha já passado, lugares esses que muito custaram a "descobrir", razão ainda para dignificar o povo lusitano. Regressou a Lisboa em 1569 e, em 1572, publicou “Os Lusíadas”. Foi-lhe concedida por D. Sebastião uma tença anual de 15 mil reis que só recebeu durante três anos, pois faleceu no dia 10 de Junho de 1580 em Lisboa, na miséria, vivendo de esmolas que se dizia terem sido angariadas pelo seu fiel criado Jau. O seu enterro teve de ser feito a expensas de uma instituição de beneficência, a Companhia dos Cortesãos. Após a sua morte, foi D. Gonçalo Coutinho que mandou esculpir na sua pedra o seguinte letreiro: “Aqui Jaz Luís de Camões Príncipe dos Poetas de seu Tempo. Viveu Pobre e Miseravelmente e Assim Morreu. - Esta campa lhe mandou pôr D. Gonçalo Coutinho, na qual se não enterrará pessoa alguma.